Na maioria das vezes, codependentes tem dificuldades em dizer não ao outro. Para os filhos, para os pais, os parceiros, os chefes, os amigos. Mas, sabem muito bem dizer não a si mesmos. “Eu não posso, eu não mereço, eu não devo, eu não consigo!”. Para si, tudo é segundo plano, tudo pode esperar, afinal, existem sempre prioridades na sua frente, sejam elas quais forem. As suas necessidades parecem não ter importância, não ter valor, não ser merecedoras de atenção. Já os pedidos dos outros devem ser prontamente atendidos. Acumulam-se tarefas na casa, no trabalho, na escola. Responsabilidades dos outros passam a ser suas. Em meio ao turbilhão de atividades, continuam dizendo sim e sim e sim...sempre sim! Seus limites estão esgotados, seus recursos emocionais, financeiros, físicos, muitas vezes já foram superados, mas ele, o codependente está ali, “firme e forte”, “segurando a onda”. Enquanto o mar está revolto apenas em seu entorno, as águas claras e mansas propiciam tranquilidade aos seus. Começa então a despontar a raiva do outro. “Como pode, ele ai, tranquilo, e eu aqui me mantando?” , pensa o codependente. Depois vem o medo de não dar conta das tarefas acumuladas, acompanhado de uma imensa ansiedade em dar conta de tudo. Vem a culpa por não ter feito a coisa certa. “ Eu não devia ter pego tanto trabalho assim”. Aí vem a mágoa, o ressentimento, o desespero e começa o espiral de emoções destrutivas às quais ele já está habituado.
Se voltarmos lá no início, quando houve a possibilidade de dizer o primeiro não, poderíamos pensar que se a resposta fosse esta, ele poderia ter evitado entrar no ciclo da autodestruição, do turbilhão de emoções negativas que assolam o codependente quando ele começa a perder o controle sobre a própria vida?
E se ele souber disso e, ainda assim, continuar dizendo sim para todos e não a si mesmo, poderíamos pensar que ele estaria numa autossabotagem, já que saberia aonde aquela sucessão de respostas positivas aos outros e negativas a si mesmo o levaria?
Neste caso, o que ainda o prenderia a dizer sim ao outro, a tentar agradar? O medo? O medo de não agradar, de não ser útil e de não ser amado? Será que pensa que para ser merecedor de amor, precisaria agradar de todas as formas, mesmo que isso representasse se anular, se dizimar, desrespeitar todas as suas necessidades e desejos?
Por onde podemos começar a transformar este pensamento disfuncional? Como romper este ciclo autodestrutivo e iniciar relações saudáveis em que os limites de cada um são respeitados naturalmente e onde o amor é doação mútua e não algo a ser conquistado através de sacrifícios?
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