Para o familiar do dependente químico é muito difícil distinguir culpa e responsabilidade. Os pais, ao descobrirem que o filho faz uso de drogas, automaticamente se perguntam: “Onde foi que eu errei?”. Os cônjuges, por sua vez, buscam erros em todas as situações, anulando-se, colocando-se muitas vezes em situações opressoras, limitantes, humilhantes, para não sentirem-se como o objeto causador do uso do parceiro. Porém, ao depararem-se com a frase : “Eu bebo porque você faz isso!”, pronto! Já assumem para si toda a culpa pelo uso do outro. A questão é que ninguém, nem pais, nem parceiros, amigos, irmãos tem culpa alguma pela escolha do outro em usar a droga. Por mais que os pais tenham falhado na educação, não erraram porque queriam errar, mas por não saber fazer da forma correta ou por inúmeras outras razões que em nada tem a ver com a culpa, mas sim, e tão somente, com a responsabilidade.
A diferença entre a culpa e a responsabilidade é que a culpa paralisa e a responsabilidade mobiliza. Se formos culpados, vamos ficar remoendo a situação, as mágoas, os erros, estaremos voltados para o passado. Nossos conceitos sobre nós mesmos serão cada vez mais negativo, nossa autoestima ficará cada vez pior e nos revestiremos do problema como se nós fôssemos o erro. Se nos percebemos responsáveis, lamentaremos, mas estaremos prontos para sermos também responsáveis pela mudança e podemos então avançar em sua direção, afinal, poderemos perceber que cometemos um erro em determinado momento, em determinada circunstância, mas que agora temos a escolha de fazer diferente e esta responsabilidade é nossa, e somente nossa. A responsabilidade é positiva e molda o futuro.
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